Trecho do Livro O ALQUIMISTA
A Lenda dos homens que transformam metais em outro…
Certa noite, um jovem pastor tem um sonho repetido: fala de um tesouro oculto, guardado perto das Pirâmides do Egito. O rapaz resolve seguir seu sonho, e defronta-se com os grandes mistérios que acompanham o Homem desde o começo dos tempos: os sinais de Deus, a Lenda Pessoal que cada um de nós precisa viver, a misteriosa Alma do Mundo, onde qualquer pessoa pode penetrar se ouvir o próprio coração. Considerada uma das artes mais antigas e mais secretas da Humanidade, a Alquimia é abordada pela primeira vez numa linguagem direta e simples.
Paulo Coelho estudou Alquimia durante 11 anos, convivendo com sua linguagem simbólica e sua experiência prática. Para escrever O ALQUIMISTA, foi até as Pirâmides do Egito, e ao Deserto do Saara, pesquisar a origem e os principais códigos da Grande Obra – o segredo que seduziu corações e mentes de muitos homens da Idade Média, e que até hoje é praticado.
O Alquimista pegou um livro que alguém na caravana havia trazido. Enquanto folheava suas páginas, encontrou uma história sobre Narciso.
O Alquimista conhecia a lenda de Narciso, um rapaz que todos os dias se debruçava a margem de um lago para contemplar sua beleza. Era tão fascinado por si mesmo que certa manhã, caiu no lago e morreu afogado. No lugar onde caiu, surgiu uma flor, que chamaram de Narciso.
Mas não era assim que o autor do livro terminava a lenda.
Ele dizia que, quando Narciso morreu, vieram as deusas do bosque num lago de lágrimas salgadas.
- Por que você chora? – perguntaram as deusas.
- Choro por Narciso – respondeu o lago.
- Ah, não nos espanta que você chore por Narciso – disseram elas. – Afinal de contas, apesar de sempre corrermos atrás dele pelo bosque, você era o único que contemplava de perto sua beleza.
- Mas Narciso era belo? – perguntou o lago.
- Quem melhor que você poderia saber disso? – disseram, surpresas, as deusas – Afinal de contas, era nas suas margens que ele debruçava-se todos os dias para contemplar-se!
O lago ficou quieto por algum tempo. Por fim, disse:
- Choro por Narciso, mas jamais notei que Narciso era belo. Choro porque, todas as vezes que ele se debruçava sobre minhas margens, eu podia ver – no fundo dos seus olhos – a minha própria beleza refletida.
“Que bela história”, pensou o Alquimista.
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